A Esposa Amaldiçoada
- Celia Caruso
- 25 de set.
- 3 min de leitura
A Esposa Amaldiçoada - Um Estudo sobre Amor, Queda e Restauração
O Conto
Havia uma mulher que participava de um grupo espiritual numa cidadezinha distante. Ela estudava magia, poções e rituais com o objetivo de ajudar as pessoas. Quando seu marido adoece gravemente, ela utiliza tudo que sabe para curá-lo. Sem sucesso, pede ajuda aos companheiros do grupo. Mesmo com todos os esforços conjuntos, a cura não vem. Desesperada, ela ora, e sob intuição espiritual, leva o marido à praia para realizar um ritual com sete homens dispostos ao redor dele.
Uma entidade espiritual aparece e diz que existe uma mulher encarnada capaz de curá-lo, mas impõe uma condição: ela deve abrir mão de ser esposa dele, pois, curado, ele a deixará. Apesar da dor, ela aceita o pacto. Dias depois, uma índia aparece com um sonho e uma beberagem. Cuida do marido e o recupera.
A esposa, consumida pelo ciúme, mata a índia. A entidade, indignada, a amaldiçoa: ela perderá seu amor, não conseguirá mais amar ou ser amada, e viverá no fracasso. A maldição se cumpre, e a mulher vive solitária e incompreendida.
Hoje, ela busca compreensão, arrependimento e redenção. Deseja servir, pedir perdão, reconstruir-se e libertar-se. A moral é clara: fazer promessas sem capacidade de cumpri-las pode gerar profundas consequências espirituais.
Nós já vimos num conto anterior, o que faz a Rainha: ela é a Comandante sistêmica, certo? Vamos analisar como se encontra essa Rainha?
A Corte Emocional da Rainha – Onde o Coração Grita mais alto que a Razão
Agora, entramos numa zona delicada. A Corte Emocional da Rainha é como um campo de flores com espinhos escondidos — tudo parece intenso, bonito, apaixonado... até virar caos.
Essa parte da Corte não funciona com lógica. Ela vibra no território das emoções cruas, do desejo mal curado, da necessidade de ser amada, reconhecida, vista. E quando a Rainha se alinha demais com essa Corte, deixa de ser comandante e vira dependente.
Um Sistema à Beira do Colapso Emocional
Com essa conexão intensa, a Rainha não decide mais — ela reage. Reage ao medo, à dor, à carência, à carência dos outros, ao elogio ou à rejeição. O que antes era discernimento vira impulso. O que antes era estratégia vira birra. E pior: suas decisões emocionais se espalham pelo Sistema como uma nuvem densa, tirando a nitidez de tudo.
E o que isso gera? Dependência. Vício energético. Vampirismo emocional disfarçado de sensibilidade.
A Corte Emocional convence a Rainha de que tudo o que sente é verdade. Que o arrepio é sinal, que a lágrima é resposta, que a falta é um destino. Isso tudo, claro, pode ser lindo em uma poesia... mas na estrutura de um Sistema, é desastre puro.
Não estamos dizendo que emoção é vilã — jamais. Mas aqui vai o ponto central: sem equilíbrio com a razão, emoção vira tirana. E quando a Rainha vira súdita dos próprios sentimentos, todo o Sistema perde sua bússola.
E como deveria ser?
A Corte Mental da Rainha – A Elite do Pensamento Evolutivo
Essa é a parte da Corte onde o raciocínio governa. As Consciências que chegam aqui já demonstraram que não agem por impulso. São prudentes, criteriosas e conscientes das consequências do próprio fazer. Não caem fácil em encantamentos. Sabem reconhecer a diferença entre intuição e ilusão.
A Corte Mental é, de certo modo, o coração pensante da Rainha. E esse coração, mesmo batendo com firmeza, tem que estar preparado para lidar com dilemas sérios. Porque, vamos ser sinceros: nem sempre as decisões da Rainha serão coerentes com a evolução verdadeira. E aí? Silenciar ou contestar? Apoiar ou alertar?
Esse é o dilema da Corte Mental: ser fiel sem ser submisso. Ser suporte, mas também ser espelho. Porque não basta apenas dar razão à Rainha; é preciso ajudá-la a se manter racional.
E mais: o poder dessa Corte não vive isolado. Ele se alimenta da energia que vem dos Povos – estejam eles no Banco do Povo ou em outras Cortes. Essas energias mentais dão força ao Sistema, como combustível que mantém a engrenagem rodando com precisão.
Mas aqui vai um alerta: mesmo sendo racionais, essas Consciências estão sempre sob risco. O risco de repetir erros, de deixar passar uma decisão da Rainha por medo de confronto, ou de ignorar um sinal de alerta por lealdade cega.
Por isso, estar na Corte Mental não é uma posição de conforto. É um cargo de vigilância constante, onde se equilibra a razão com a lealdade, a verdade com o afeto, e a prudência com a coragem de agir.
Encerramento
A Esposa Amaldiçoada não é apenas um conto de dor, é um chamado para todos que vivem sob o peso de erros passados. Toda causa tem um efeito, mas todo efeito pode ser transformado com consciência, perdão e reconexão com a verdade interna. O caminho da cura está aberto para quem deseja trilhá-lo com verdade.





Comentários