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A Jovem do Circo

Havia uma jovem que carregava em seu peito uma ânsia por algo maior, algo que desse sentido e cor à sua existência. Até o dia em que, em uma tarde qualquer, uma trupe de circo chegou à sua pequena cidade.

Foi amor à primeira batida de tambor. Os olhos da moça brilharam ao ver os acrobatas no ar, o riso do palhaço, a leveza das bailarinas. Mas foi o número do trapézio e da corda bamba que fisgou sua alma para sempre. Ali estava seu chamado: desafiar o vazio, flutuar acima do chão, equilibrar-se entre o risco e o encantamento.

No dia seguinte, sem dizer nada a ninguém, ela seguiu o circo. Tornou-se aprendiz, depois artista. Primeiro dominou o tecido acrobático, depois deslizou pelos aros da lira, e enfim abraçou o trapézio, onde força e graça se fundiram. Cada apresentação era um espetáculo não só para o público, mas para ela mesma — uma confirmação de que havia encontrado o palco onde sua alma dançava livre.

Ali conheceu o homem que dividia o picadeiro e a vida. Casaram-se sob o céu estrelado de lona, tiveram dois filhos, que cresceram embalados por músicas circenses e aplausos. A vida foi sobre rodas, estrada, cidades, novos públicos. Era cansativo, mas era o que os fazia felizes.

Quando a idade chegou, decidiram que era hora de fincar raízes. Escolheram uma das centenas de cidades que já haviam passado, compraram uma casa simples e guardaram o riso dos palcos como uma chama viva no peito. Recebiam, uma vez por ano, a visita dos filhos e netos — que continuaram a tradição e viajavam de cidade em cidade com o mesmo brilho nos olhos.

E assim, entre memórias de trapézio, lira e aplausos, seguiram envelhecendo juntos. Felizes, certos de que haviam vivido exatamente a vida que escolheram.


Mas ninguém nunca soube da família que ficou para trás.


As vidas deixadas

Sua mãe, ao perceber o quarto vazio e a cama intocada, foi tomada por uma angústia sem nome. Tentou entender o porquê, buscou cartas, recados, qualquer explicação. Nada. Consumida pela culpa, perguntava-se todos os dias onde falhara para perder a filha assim. Mesmo com outros dois filhos, não conseguiu mais sorrir com o mesmo calor. Adoeceu do corpo e da alma, até que partiu cedo demais.

O pai, simples e duro, não soube lidar com a dor nem com o peso de ter de sustentar a casa sozinho. Tornou-se ausente. O filho, sentindo-se invisível, buscou refúgio nas ruas e encontrou abrigo nas drogas. Já a outra filha, carente de afeto e orientação, seduziu-se pelo mundo fácil das promessas rápidas: luxo, prazer e vazio.

 

 

 Reflexão

A jovem do circo viveu sua plenitude, mas sem imaginar a sombra que lançava sobre aqueles que a amavam. Seu destino foi feliz, mas o custo silencioso foi alto para quem ficou. Essa história não é para condenar, mas para lembrar que nossos passos deixam rastros — e que escolhas pessoais, mesmo legítimas, podem ferir profundamente outras almas.

 

Conexão com a Bíblia


1. Os dons e a alegria de colocá-los a serviço

·       Mateus 25:14-30 (Parábola dos Talentos) – “A cada um segundo a sua capacidade...”A jovem descobriu seus talentos no circo e não os enterrou. Ao contrário, multiplicou-os, levou alegria e beleza por onde passou. Cumpriu o princípio bíblico de colocar dons para frutificar, porém a que custo!

2. O dom do livre-arbítrio — mas também o peso das escolhas

Deus nos deu o livre-arbítrio para que escolhêssemos nosso caminho, mas não sem consequências.

·       Gálatas 5:13 — “Irmãos, vocês foram chamados para a liberdade. Mas não usem a liberdade para dar ocasião à vontade da carne; ao contrário, sirvam uns aos outros mediante o amor.”A jovem teve liberdade para seguir seu sonho, mas sua escolha não foi neutra: trouxe consequências amargas para quem ficou.

3. Somos responsáveis uns pelos outros

·       Romanos 14:7 — “Nenhum de nós vive apenas para si, e nenhum de nós morre apenas para si.”

·       1 Coríntios 12:25-26 — “...para que não haja divisão no corpo, mas sim que todos os membros tenham igual cuidado uns pelos outros. Se um membro sofre, todos sofrem com ele.”

A decisão da filha de partir, ainda que legítima do ponto de vista individual, afetou profundamente a saúde emocional e espiritual da família. O sofrimento da mãe, a queda do irmão, o desvio da irmã — todos foram laços feridos pelo corte abrupto.

4. O chamado à consideração e ao amor responsável

·       Filipenses 2:4 — “Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros.”

A Bíblia sempre aponta para a interdependência. Não somos ilhas. Somos partes de uma mesma rede que sente o impacto das escolhas individuais. Por isso, Deus nos convida a pensar no outro antes de qualquer ato.

5. Mesmo assim, resta a graça e o recomeço

·       Romanos 8:28 — “Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam...”

Ainda que erros e ausências causem dores profundas, Deus é capaz de usar até as consequências duras para ensinar, reconstruir e transformar vidas. A história dessa família pode ter gerado aprendizados silenciosos, mesmo que por caminhos de lágrimas.

 

Conclusão bíblica:

O livre-arbítrio é um presente divino, mas vem acompanhado da necessidade de responsabilidade. As escolhas individuais moldam não só o próprio destino, mas reverberam na teia invisível de afetos e vidas conectadas. Por isso, somos chamados a viver a liberdade em amor — pensando não apenas no próprio palco, mas também nos bastidores da vida dos outros.

 

Teoria da Razão


Vamos conhecer como age o arquétipo O Rei e saber um pouco como nosso Sistema reage, frente à diferentes situações


Trono do Arquétipo O Rei – Administrador Sistêmico


Há um trono bem no centro do seu Sistema, e nele, não repousa um rei qualquer. Estamos falando do Rei Sistêmico – o Administrador-geral da sua mente, aquele que não usa coroa de ouro, mas sim, um capacete de sabedoria.

Mas, calma! Não vá imaginar um tirano interno, distribuindo ordens como num feudo da Idade Média. O Rei sistêmico é mais parecido com um cientista estoico num laboratório cósmico. Diferente das monarquias de carne e osso, onde se herda trono por nascimento, esse Rei chega lá por puro merecimento – na raça e na lucidez.

Antes de ocupar o trono dourado do inconsciente, esse Indivíduo percorreu um bom pedaço da Escada Evolutiva. Escolheu, por livre e espontânea vontade, tornar-se o gestor supremo do Sistema. E mais: foi ele quem decidiu quem seriam seus parceiros de palco – a Rainha e o Príncipe. Nada de sorteio. Ele estudou um catálogo cósmico de Consciências e DNAs, tipo uma livraria espiritual de experiências passadas, e montou seu time.

No entanto, nem tudo são festivais e conselhos reais. No início dos tempos da Multiplicidade, o Rei era o executor, o faz-tudo, o que chamava o time para agir. Mas... os súditos obedeciam por dever, como quem diz “tá bom, só pra não ouvir reclamação”. Faltava o tempero principal da evolução: a vontade de mudar.

Então veio a virada de chave: o Rei recuou. Desistiu do trono? Jamais. Apenas trocou a espada pela bússola. Virou guia. Montou palcos internos para que a Rainha tropeçasse por si mesma. Deixou as pistas, mas esperou que ela quisesse sair do labirinto. Afinal, evolução só conta ponto se for por escolha própria.

Essa mudança de postura permitiu algo mágico: mais Consciências puderam ser incluídas no Sistema. O elenco cresceu, a trama ficou mais rica, e o palco da vida virou uma peça de múltiplos atos e identidades.

E o que faz o Rei agora, além de observar como um coach silencioso da alma?

Ele tem um arsenal: os antídotos de todas as desvirtudes do Sistema. Sim, é ele quem conhece todos os venenos e, consequentemente, todas as curas. Um químico emocional, um alquimista de traumas. A responsabilidade? Enorme. O Rei sente tudo. Dor, frustração, cansaço... Mas usa tudo isso como termômetro. Quando sofre, ele sabe: algo está errado no Sistema. E quando sabe, ele age – com sutileza, com precisão, com inteligência.

Ah, e não pense que ele ignora a herança dos ancestrais. Pelo contrário: ele lê o DNA como quem lê cartas de amor antigas – com atenção, com crítica, e com discernimento. Ele consegue farejar uma desvirtude repetida, reciclada, herdada da tataravó raivosa ou do bisavô ciumento. E quando detecta algo perigoso demais, que ameaça a estabilidade do Sistema, ele não hesita em dividir a carga, redistribuir, ajustar.

Aqui, o Rei precisa reconhecer o que é tóxico e transformar. Sua missão é clara: conduzir o Sistema de dentro, com inteligência emocional, paciência ancestral e um toque de arte política.

E tudo isso ele faz... sem holofotes. Ele tem responsabilidades maiores do que qualquer monarca de telenovela ou série épica.

Veja bem, esse Rei, que habita o seu Sistema Comum, carrega em seu peito um decreto silencioso:"De hoje em diante, haverá ordem nesta casa! Estabelecerei leis para restringir o crescimento destas memórias em meu Sistema!"

A casa, claro, é o seu inconsciente — com corredores abarrotados de memórias ancestrais, emoções que aparecem do nada, como aquele medo inexplicável de altura ou de barata que parece não te pertencer... porque às vezes, realmente, não pertence.

Esse Rei, além de sábio, é um zelador de traumas antigos. Ele limpa o pó dos traumas alheios que você sente como se fossem seus. Se a Rainha [aquela parte de você que decide e age] surta com algo aparentemente banal, talvez o gatilho tenha sido puxado por uma Consciência escondida no Banco do Povo ou numa das Cortes. E adivinha quem tem que restaurar a ordem? Isso mesmo, o Rei.

Ele é o árbitro entre o anjo e o “diabo” que vivem em seu Sistema. Mas não se engane: o "diabo", aqui, não é o vilão clássico. São suas desvirtudes herdadas — impulsos repetidos geração após geração, esperando que alguém finalmente os domine. E o anjo? Representa a consciência racional que guia você rumo ao que é justo. O Rei precisa dialogar com ambos, sem virar refém de nenhum.


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